sexta-feira, 25 de novembro de 2011

URCA 2012 - MATOZINHO VAI À GUERRA



MATOZINHO VAI À GUERRA
José Flávio Vieira
“Mesmo com tantos detalhes e com a preciosa ajuda da Coordenação de Geografia da URCA, não conseguimos situar Matozinho no território nacional”


AUTOR: Nascido em Crato-CE em 1952. Médico pela UFPE. Um dos vencedores do I Concurso de Contos do SESC/Crato em 2006. Membro do Instituto Cultural do Cariri. Autor de poemas (alguns musicados). Dramaturgo com texto publicado na premiada peça: “A Terrível Peleja de Zé de Matos com o Bicho Babau nas Ruas do Crato”. Cronista consagrado com o livro Matozinho vai à guerra.

OBRA: O livro “Matozinho vai à Guerra”, narra em mais de 70 textos bem humorados a chegada da modernidade numa cidadezinha do interior do Nordeste. Com prefácio de Batista de Lima, o livro mostra que o povo nordestino é capaz de rir da sua própria desgraça e tecer a colcha de retalhos de sua felicidade com os delicados fios das suas vicissitudes. Matozinho é uma cidade imaginária, que segundo o autor, perdida nos confins do sertão. Existe em permanente guerra declarada da modernidade com a tradição. O livro é uma mistura de romance, contos e crônicas, aproximando-se mais deste último gênero pelos relatos do cotidiano, mantendo um fio condutor em cada um deles. No início do livro, o autor apresenta os “apontamentos para a História Mítico-Sentimental de Matozinho”. É então que, segundo ele, os primeiros relatos sobre Matozinho chegam-lhe através do viajante F. Monteiro Lima. Podemos perceber que esse viajante é o próprio autor personificado, que cria sua cidade e toma posse da mesma, encarnando todos os tipos que cria.

Foco narrativo: 3 pessoa, observador

Linguagem: regional, com provérbios e dizeres regionalistas. Ex.: Labacé, espinhela caída, capiongo, esgalamido, purga de cóis, infuca, peitica, fubuia, meropeia... A linguagem do narrador apresenta-se eventualmente bem elaborada causando uma espécie de estranhamento em comparação à linguagem dos personagens.

Personagens Tipos: Expedito do Pau Véio (artesão), Zé Benze-Benze (rezador), Jojó Fubuia (cachaceiro), Zé Patife (bodegueiro), Zé Maliça (pistoleiro), Bode Rouco (locutor da amplificadora), Quico Pau-de-Arara (policial), Pedro da Carroça Véia (vendedor de água).

Intertextualidade:

“A história que se segue, me narrou a Lilian Wite Fibe de Matozinho...”

Temática:

• Humor: crônica piada
• Crendice: o poder da fé
• Comportamento popular: bairrismo, inocência, fofocas
• Corrupção
• Vaidade
• Hipocrisia
• Progresso e globalização
• Fatos históricos (paródia)
• Folclore

RESUMOS:

1 – Matozinho vai à guerra: Relato hilário de um povo, segundo o autor, gabão. Que desta vez havia passado da conta. O personagem Zé Capivara relata que assistira à tragédia, na TV do Cel. Serapião Garrido, ao atentado de 11 de setembro. “Uns turcos, lá nos EUA, pegaram uns aviões e arrebentaram os bichos em riba de uns prédios enormes. Os teco-tecos entraram nos edifícios molinho, molinho, como faca em bolo de milho. Só falam numa tal de Hosana Abilolada, que parece que foi quem empreitou a emboscada. Eita mulherzinha mais destemperada...”

2 – Sol e Lua, Vida e Morte: Narra a história de um engano cômico. Um bêbado que confunde os velórios. Chega ao velório do bondoso Padre Inácio, achando ser o velório do seu companheiro de manguaça, Fubuia. Lá desabafa os mais torpes lamentos: “- Meu amigo, num vá não! Eu num agüento tomar a cana toda de Matozinho, sozinho, não! Só em Giba, tu tem mais de cem reais, na dependura, home de Deus! Ele esperava que tu saldasse a dívida com a venda daquelas notas frias para a prefeitura!(...)-Meu amigo, o que vai ser do cabará de Tonha Foló, sem tu? E tua quenga, Judite Cadilac, quem vai tomar conta dela, meu Deus? Resultado, levou uma surra daquelas.

3 – A Doce Adoção: Fala sobre a solteirice feminina, solidão e velhice. Fala do despertar pra maternidade no final da vida, com as limitações de uma anciã que insiste em adotar um “garoto” que encontrou na beira da estrada. Esse menino com uma aparência estranha na verdade era um anão de quarenta anos, que ela só veio perceber quando a mesma insistiu para banha-lo.

4 – Ata: Como o título sugere, a história da ata de uma reunião “para resolver a questão referente ao erotismo jumentino.” A cidade estava a mercê de um elevado índice de jumentos infernizando a vida dos moradores com seu comportamento sexual extremoso e sua vultosa e mortífera arma em riste escandalizando os transeuntes.

5 – Carretel: Nome do garçom enrolão que engana os clientes do bar usando as formas mais hilariantes. Ao bêbado sozinho e desavisado, Carretel sentenciava: “- Ei, rapaz, tu num vai embora não? Seus amigos já acabaram de sair! –Meus amigos? Mas, eu num tenho amigo não, vim só. – Eles foram na frente e deixaram até essas cinco cervejas pra você acertar.” Nem mesmo os bêbados mais espertos fugia dos trambiques de Carretel.

6 – Quinca de Liliosa:conta a história de um repórter perfeito e onipresente: “Estivera ao vivo nos casos de abdução na cidade; presenciara todos os acidentes da região; testemunhara, na curva Tamburello, a sobrada de Airton Sena; ajudara a polícia federal a esvaziar o cuecão dos Guimarães.No tsunami, então, só escapara porque se agarrara a duas cabaças amarradas e uma corda, pelo gogó.”

7 – Paixão de Cristo: Diante de muitas encenações da "paixão", o fundador de nossa cidade, Padim Ciço, assume papel fundamental no drama. Para muitos, o Pe. Cícero é o Santo maior de suas devoções e que traz para Juazeiro do Norte milhares de fiéis todos os anos em suas romarias. Nesse espetáculo, o próprio Jesus recorre ao nosso santo padre, no clímax do enredo, para lhe pedir ajuda.

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